quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Sacramento da Reconciliação é o abraço misericordioso do Pai

Na Catequese desta quarta-feira (19), Papa Francisco deu continuidade ao ensinamento sobre os Sacramentos e falou sobre a Reconciliação. Leia na íntegra:
 
altQueridos irmãos e irmãs, bom dia!
Através dos sacramentos da iniciação cristã, o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia, o homem recebe a vida nova em Cristo. Agora, todos nós sabemos disso, levamos esta vida “em vasos de barro” (2 Coríntios 4:7), ainda estamos sujeitos à tentação, sofrimento e morte, por causa do pecado, podemos até mesmo perder a nova vida. Por esta razão o Senhor Jesus quis que a Igreja continuasse sua obra de salvação, também por meio de seus próprios membros, em particular o Sacramento da Reconciliação e da Unção dos Enfermos, que podem ser unidos sob o nome de "sacramentos de cura". O Sacramento da Reconciliação é um sacramento de cura. Quando vou à confissão é para curar, curar a alma, curar o coração de algo que eu fiz e não foi muito bom. A imagem bíblica que melhor expressa a ligação profunda entre eles é o episódio do perdão e da cura do paralítico, onde o Senhor Jesus se revela ao mesmo tempo o médico das almas e dos corpos (cf. Mc 2,1-12 / / Mt 9,1-8 , Lc 5,17-26).
1. O Sacramento da Penitência e da Reconciliação nasce diretamente do mistério pascal. De fato, na mesma noite da Páscoa, o Senhor apareceu aos discípulos no cenáculo fechado e, após cumprimentá-los: "A paz esteja convosco”, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, eles lhe serão perdoados" (Jo 20: 21-23). Esta passagem revela as dinâmicas mais profundas que estão contidas neste Sacramento. Primeiro de tudo, o fato de que o perdão de nossos pecados não é algo que podemos dar a nós mesmos. Eu não posso dizer que perdoo os meus pecados. O perdão se pede, se pede a outra pessoa, e, em confissão, se pede perdão a Jesus. O perdão não é resultado dos nossos esforços, mas é um presente, é um dom do Espírito Santo, que nos enche da misericórdia e da graça que flui incessantemente do coração aberto de Cristo crucificado e ressuscitado. Em segundo lugar, ele nos lembra de que, somente se somos reconciliados com o Pai, no Senhor Jesus Cristo, e com os nossos irmãos, podemos estar verdadeiramente em paz. E nós sentimos tudo isso no coração quando vamos para a confissão, com um peso na alma, um pouco tristes, e quando recebemos o perdão de Jesus ficamos em paz, com aquela paz na alma tão linda que só Jesus pode nos dar, somente Ele.
2. Com o tempo, a celebração deste Sacramento passou de uma forma pública - porque, no início, se realizava publicamente – à pessoal, à forma reservada da Confissão. No entanto, isso não deve nos fazer perder a matriz eclesial, que é o contexto vital. De fato, a comunidade cristã é o lugar onde se torna presente o Espírito, que renova os nossos corações no amor de Deus e faz com que todos os irmãos sejam um em Cristo Jesus. Este é o motivo pelo qual não basta pedir perdão ao Senhor na própria mente e em seu coração, mas você precisa de confiança e humildemente confessar seus pecados a um ministro da Igreja. Na celebração deste Sacramento, o sacerdote não apenas representa Deus, mas toda a comunidade, que reconhece a fragilidade de cada um dos seus membros, que ouve o seu arrependimento sincero, que se reconcilia com ele, que o anima e o acompanha na jornada de conversão e maturidade humana e cristã. Alguém pode dizer: Eu confesso somente a Deus. Sim, você pode dizer a Deus: “Perdoe-me”, e dizer a seus pecados, mas os pecados também são contra os irmãos, contra a Igreja. Para isso, você precisa pedir perdão para a igreja, os irmãos, na pessoa do sacerdote. “Mas padre, eu tenho vergonha...”. Também a vergonha é boa, é saudável ter um pouco de vergonha, porque envergonhar-se é saudável. Quando uma pessoa não tem vergonha, no meu país, dizemos que é um "sem-vergonha", um “sin verguenza”. Mas a vergonha é boa, porque nos faz mais humildes, e o sacerdote recebe com amor e ternura esta confissão e perdoa em nome de Deus. Mesmo de um ponto de vista humano, para desabafar, é bom falar com seu irmão e dizer ao sacerdote estas coisas que são tão pesadas ao coração. E assim sente-se aliviado diante de Deus, com a Igreja, com o seu irmão. Não tenha medo da confissão! Quando se está na fila para a confissão, sente-se todas estas coisas, até mesmo vergonha, mas depois, quando se termina a Confissão a pessoa sai livre, grande, bonita, perdoada, purificada, feliz. E esta é a beleza da confissão! Eu gostaria de perguntar-lhe - mas não diga em voz alta, todos respondam em seu coração - quando foi a última vez que você se confessou? Cada um pense... Eu acho que dois dias, duas semanas, dois anos, 20 anos, 40 anos? Cada um faça as contas e diga-se a si mesmo: quando foi a última vez que fui à confissão? E se faz um longo tempo, não perca mais um dia, vá, que o padre vai ser bom. É Jesus ali, e Jesus é o melhor dos sacerdotes, Jesus te recebe, te recebe com muito amor. Seja corajoso e vá à confissão!
3. Queridos amigos, celebrar o Sacramento da Reconciliação significa estar envolvido em um abraço caloroso: é o abraço da infinita misericórdia do Pai. Lembre-se que bela parábola do filho que foi para a sua casa com o dinheiro da herança; gastou todo o dinheiro, e então, quando ele não tinha nada, decidiu ir para casa, não como um filho, mas como um servo. Tanta culpa em seu coração e tinha tanta vergonha. A surpresa foi que, quando ele começou a falar, para pedir perdão, o pai não o deixava falar, abraçou-o, beijou-o, e fez a festa. Mas eu vos digo, todas as vezes que confessar, Deus nos abraça, Deus faz a festa! Sigamos em frente neste caminho. Que Deus os abençoe!
Fonte: Boletim Santa Sé

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